
VISITA TÉCNICA – Coordenador do colegiado, deputado Odacy Amorim (à esq.) ouviu reclamações de moradores das comunidades. Foto: João Bita
“Antes, eu entrava nesse rio para pescar. Hoje, se eu entrar, pego uma doença.” Essa foi a resposta do morador do bairro do Totó Pedro Paulo dos Santos ao deputado Odacy Amorim (PT), ao ser questionado sobre o Rio Tejipió. Pedro fixou residência próximo à margem direita do rio em 1973, mas, nos últimos anos, tem narrado com pesar os problemas decorrentes do assoreamento. O diálogo ocorreu durante visita técnica, nesta terça (14), da Frente Parlamentar de Revitalização do Rio São Francisco e demais Rios de Pernambuco, aos Rios Jaboatão, no município homônimo, e Tejipió, no Recife.
Em agosto do ano passado, os moradores do Totó e de outros bairros cortados pelo Rio Tejipió realizaram protestos a fim de chamar atenção para o cenário de poluição da água, agravado em dias de chuva. “Aqui não pode chover. Se no centro do Recife fica alagado, você não tem ideia de como fica aqui”, comparou Pedro. Em outubro, a Prefeitura deu início às obras de dragagem, mas, passados alguns meses, a população ainda tem reclamado.
Moradores da Avenida General Manoel Rabelo, bem ao lado de um canal que recebe todo o esgoto da comunidade de Engenho Velho (Jaboatão), aproveitaram a presença da Frente para fazer uma denúncia. “Há uns dois anos, pelo menos duas vezes por mês, observamos a poluição do rio por cloro e outros produtos químicos. O cheiro é bem característico e até as pedras ficam como se fossem lavadas. Estamos desconfiados de que vem de uma caixa d’água da Compesa aqui perto”, contou Jessé dos Santos, que há 21 anos mora ali. “Antes tinham muitos peixes e até tartaruga. Hoje não vemos mais”, comparou.
Presentes na visita, as técnicas ambientais da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) recomendaram a formalização da denúncia para que o caso possa ser averiguado. Representantes das Secretarias de Meio Ambiente do Recife e de Pernambuco também acompanharam a visita.
A Frente constatou o que tem sido comum apurar durante todas as visitas técnicas que tem feito: casas com canos que escorrem diretamente para o rio. “É um verdadeiro drama. Canais por onde deveriam passar apenas água da chuva são ocupados por esgoto”, avaliou Odacy Amorim, coordenador do colegiado. Ao fazer um balanço dos 12 meses de atividades da Frente, completados este mês, o parlamentar classificou a situação como crítica. “Já visitamos favelas, vimos coisas subumanas, como pessoas usando penico em pleno século XXI por não ter um banheiro. A gente espera poder construir uma política boa pensando no futuro”, declarou.
A próxima atividade da Frente Parlamentar está agendada para agosto, quando o colegiado fará inspetoria no Rio São Francisco, em Petrolina (Sertão). Instalada em junho de 2016 com o objetivo de identificar a situação dos rios pernambucanos, a Frente encerrará as suas atividades em dezembro, quando apresentará relatório.