
Requerimento 757/2019
Texto Completo
Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas as formalidades regimentais, que seja realizada uma Reunião Solene, no dia 11 de dezembro de 2019, em homenagem aos 60 anos da Revolução Cubana.
Justificativa
A Independência de Cuba era disputada entre os Estados Unidos e a Espanha que travaram uma guerra que terminou com derrota dos colonizadores em 1898. Entretanto os Estados Unidos impuseram uma emenda constitucional a Cuba que dava o direito de intervenção americana na ilha.
Assim, em 1903 a base naval de Guantánamo foi construída em favor dos norte americanos. Entretanto, em 1952, Fulgêncio Batista, ex-militar que já havia governado Cuba anteriormente, apoiado pelos Estados Unidos, aplicou um Golpe de Estado assumindo o Poder.
Fidel Castro, Camilo Cienfuegos, Raúl Castro e, mais tarde, Ernesto “Che” Guevara capitanearam um movimento revolucionário contra o Golpe de Fulgêncio Batista e contra a Emenda Platt, um tratado internacional a que Cuba se submetera, havido logo após a derrota do Estado espanhol na ilha caribenha. A emenda autorizava a intervenção dos EUA nos assuntos internos do país quando considerassem necessário.
O Movimento Revolucionário Cubano, até então, apenas um movimento nacionalista, visava derrubar Batista e revogar a Emenda Platt.
Fidel e os revolucionários se lançariam na luta armada em 26 de julho de 1953, atacando um quartel general de Moncada, que fracassou e levou Fidel a prisão pois anos e depois ao exílio no México. Mas foi ali, no exílio, que Fidel conheceu o revolucionário marxista-leninista argentino Ernesto Guevara o “Che Guevara”, que além de aderir à causa cubana, trouxe o arcabouço ideológico do socialismo.
Surgia o Movimento 26 de julho, que retornaria à Cuba pelo mar, sendo outra vez derrotados num poderoso contra-ataque do exército de Fulgêncio. Entretanto, Guevara e Fidel conseguiram sobreviver e se infiltrar na ilha e entre 1956 e 1959 reorganizaram o movimento e por meio da tática de guerrilha impuseram importantes derrotas ao governo e conquistando a simpatia da população.
Em 1º de Janeiro de 1959, Fulgêncio Batista, percebendo que não tinha mais apoio da população, da burguesia democrática, nem mesmo de parte de seus agentes e soldados que também começaram a discordar de sua indulgência e corrupção, fugiu, abrindo caminho para que em 08 de janeiro de 1959 Fidel entrasse em Havana, para se tornar primeiro-ministro, sendo Manuel Urrutia posto na presidência provisória do país.
O presidente estadunidense Jhon F. Kennedy, um aguerrido combatente do avanço do socialismo e do comunismo no mundo, se opôs aos revolucionários, buscou sabotar o governo revolucionário na ilha, organizando em 1961 a Invasão da Baía dos Porcos, com a participação de dissidentes cubanos recrutados pela CIA.
Dentro desse contexto, a Guerra Fria já polarizava o mundo, o Vietnã do Norte já demonstrava a resistência e o poder da oposição ao liberalismo dos Norte-Americanos, e a proximidade de um país ‘potencialmente comunista’ com a costa sul dos EUA figurava como uma ameaça aos interesses yankees.
Assim, EUA iniciaram uma campanha para sufocar a economia cubana, rompendo relações diplomáticas em 1961.
Por esta razão, Fidel e o movimento revolucionário que nada tinham de comunistas, ao contrário, sequer tinham a simpatia do Partido Comunista Cubano, precisaram estabelecer aliança com a União Soviética, já que, eram os mais importantes aliados do contra-imperialismo daquele país.
Assim, Cuba foi empurrada para o comunismo ampliando a tensão entre os países e numa tentativa de sufocar de vez o avanço do comunismo nas américas os EUA enviaram aeronaves para sobrevoar o território cubano, que já se organizava militarmente para resistir a possíveis ataques dos capitalistas.
Assim Nikita Kruschev e Fidel Castro haviam firmado aliança e mísseis nucleares com o mesmo poder destrutivo de Hiroshima e Nagasaki foram apontados para os EUA e vice e versa, gerando a possibilidade de uma guerra nuclear.
A Crise dos Mísseis se transformara num marco histórico da Guerra Fria, mas o pânico dos EUA de sofrerem um ataque fatal deu condições para que o Estado cubano se consolidasse mesmo com o Comunismo e a despeito dos interesses dos estadunidenses.
Esse evento ocorrido em 1962 fez com que os Estados Unidos se empenhassem em evitar o avanço do comunismo pela América, o que os fez financiar a apoiar diversos golpes militares, inclusive o brasileiro em 1964.
A memória dessa revolução e o que significou o enfrentamento ao poder do imperialismo americano é de suma importância para o estabelecimento de uma consciência democrática e da construção do respeito à soberania estatal dos países latino-americanos.
A representatividade do respeito à causa democrática se consolida na medida em que o avanço dos ideais de um país não se sobrepuseram, mesmo com barreiras econômicas, com a tentativa do uso da força ou de ameaças de natureza bélica. Cuba demonstrou com seu exemplo que um país pode resistir à pressões externas e se autodeterminar.
A Revolução Cubana pode ser encarada hoje como uma importante lição de resistência das causas sociais, das liberdades e do caminho para a oposição a regimes imperialistas e opressores como o dos Estados Unidos.
Portanto, marcar essa data é um passo importante para consolidar a oposição ao autoritarismo e ao avanço do extremo conservadorismo e suas ideologias, eminentemente, vinculadas ao imperialismo norte americano.
Por essa razão, em solidariedade às causas sociais e pela virtude democrática, convido os colegas a me acompanharem no apoio a esta Reunião Solene marcante e de grande relevância para os movimentos sociais pernambucanos.
Histórico
Isaltino Nascimento
Deputado
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | PUBLICADO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 09/08/2019 | D.P.L.: | 10 |
1ª Inserção na O.D.: |