
Requerimento 699/2019
Texto Completo
Requeremos à Mesa, ouvido o Plenário e cumpridas às formalidades regimentais que seja registrado VOTO DE CONGRATULAÇÃO aos Cineastas Kleber de Mendonça Filho e Juliano Dornelles, pelo Prêmio melhor filme do júri do Festival de Cannes e de melhor filme no Festival de Cinema de Munique.
Justificativa
O Cinema pernambucano teve suas primeiras inciativas no início do século XX as exibições ao ar livre levaram aos primeiros filmes para o grande público da cidade. Em 1916, surge o Pernambuco-jornal, com notícias e atualidades sobre o tema. Em 1918 chegava ao Recife a primeira câmara de filmagem pelo o italiano Ugo Falangola e abriu a Pernambuco-film, fundada no bairro de São José.
Os primeiros filmes filmados no estado foram rodados por encomendas por políticos e coronéis. Como “Recife no centenário da Confederação do Equador”(1924) e “Veneza Americana” (1925).
A criação da Aurora-Film por Edson Chagas deu início a produção de filmes de ficção que ficaria nacionalmente conhecida como Ciclo do Recife. Foram quase 50 filmes realizados por doze empresas de Pernambuco desafiavam a hegemonia artístico-econômica do eixo Rio-São Paulo. Era o primeiro polo de produção do Recife, inaugurado com o longa “Retribuição”, que em 1924 fez grande sucesso, e outros como “A filha do advogado” (1927) e “Aitaré da Praia” (1925).
Newton Paiva e Firmo Neto rodaram em 1942, o primeiro filme sonoro de Pernambuco, o longa “O coelho sai”; nos anos seguintes, Neto seria o responsável por dirigir os principais documentários sobre o Recife, nesse período.
Só nos anos de 70 que a cidade retornou as produções e filmagens e um novo ciclo se inicia o ciclo do Super 8m, tendo em Fernando Spencer sua "ponta-de-lança", formou com um grupo de estudantes e artistas o movimento contra cultural para atingir uma liberdade criativa inédita até então. Entre eles estavam Geneton Moraes Neto, Flávio Rodrigues, Geraldo Pinho, Celso Marconi,Lula Gonzaga, Osman Godoy, Kátia Mesel, Amin Stepple, Jomard Muniz de Brito e Paulo Cunha.
Na década de 80 a geração marcada pela linguagem do audiovisual da época (vídeo e a televisão), foi formando o grupo Van-retrô, que tinha Paulo Caldas, Lírio Ferreira, Cláudio Assis, Adelina Pontual e Samuel Holanda entre os seus participantes. Desse grupo saio o filme “Bandido da sétima luz”, sobre Fernando Spencer e o filme Henrique.
Nos anos 90 a cidade estava em efervescência cultural com o movimento mangue e não demorou para que o cinema entrasse no processo criativo e se reinventasse. A reinvenção veio através dos vários curtas metragens como Cachaça (Adelina Pontual), Maracatu maracatus (Marcelo Gomes), That`s a lero-lero (Lírio Ferreira e Amin Stepple), Simião Martiniano, o camelô do cinema (Clara Angélica e Hilton Lacerda), Texas Hotel (Cláudio Assis) e Clandestina felicidade (Beto Normal e Marcelo Gomes). E o que Festejado em todo o país, Baile perfumado (1996), longa-metragem de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, sendo o primeiro longa-metragem realizado no estado em quase duas décadas, e vencedor de prêmios no festival de Brasília e conclamado pelo público no festival de cinema do Recife.
Desse novo ciclo surgem novos filmes e cineastas como: Amarelo Manga e febre do rato (Cláudio Assis), Praça Walt Disney (Renata Pinheiro e Sergio Oliveira), Cinema, aspirinas e urubus e Era uma vez Verônica (Marcelo Gomes), Poeta urbano (Antônio Carrilho), Tatuagem (Hilton Lacerda) e País do Desejo (Paulo Caldas), entre tantos.
Nessa nova produção de cineastas vencedores não podemos deixar de destacar Kleber Mendonça Filho, que tem ao logo da sua vida uma forte ligação com a sétima arte. Foi crítico de cinema do jornal do Comercio, diretor do cinema da fundação Joaquim Nabuco, colunista do site CinemaScópio, Revistas Continente, Cinética e do jornal Folha de São Paulo.
Na década de 2000 realizou o filme “A Menina do Algodão” (co-dirigido por Daniel Bandeira) (2003), “Vinil Verde”(2004), “Eletrodoméstica” (2005), “Noite de Sexta Manhã de Sábado” (2006), “Crítico” (2008), “Recife Frio” (2009), “ O som ao Redor” ( 2013), “ A Copa do Mundo no Recife” (2015) e “Aquarius” (2016). Os seus filmes já receberam mais de 120 prêmios no Brasil e no exterior, selecionados em festivais nacionais e internacionais como Gramado, Rio, Brasília, CINE PE Nova York, Copenhague, Cannes, entre outros.
O seu primeiro longa O Som ao Redor, foi o filme brasileiro mais aclamado do ano e sendo considerado um dos 10 melhores filmes do mundo realizados em 2012 pelo jornal The New York Times.
Em 2016, o Festival de Cannes anunciou o segundo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, Aquarius, como o único filme latino-americano que concorria pela Palma de Ouro, premiação máxima da competição francesa e foi assistido por mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo e recebeu indicações a diversos prêmios, entre eles, os dois mais importantes do cinema independente: ndependent Spirit Awards e Chlotrudis Awards, sendo também indicado a melhor filme estrangeiro no César, o maior prêmio de cinema da França
Juliano Dornelles, Diretor de arte e sócio da produtora pernambucana, Símio Filmes, tem a sua atuação direcionada a direção de arte em curtas e longas metragens no circuito pernambucano, que destacamos “Permanência” (2015), de Leonardo Lacca. Prêmio de melhor diretor de arte no Cine PE de 2015, “Boa sorte, meu amor” (2013), Daniel Aragão, “O som ao redor” (2013), Kleber Mendonça Filho. Foi produtor de arte dos filmes “Cinema, aspirinas e urubus” (2005), Marcelo Gomes e “Aquárius” (2016), levando um deles “Men sana in corpore sano” (2011), ao Festival de Locarno, na Suíça.
Nesse ano os dois cineastas pernambucanos apresentaram para os cinéfilos o filme “Bacurau”, que trata de um “faroeste brasileiro”, com um realismo fantástico, aventura e ficção científica que se passa em um futuro “anormal”, em um pequeno povoado no interior do nordeste, com nome igual ao pássaro de hábito noturno, o bacurau, e retrata o sentimento da sociedade após a perda de uma grande matriarca, a Dona Carmelita. Dias depois do sepultamento, os moradores da região percebem que a comunidade não consta mais nos mapas e sofre sabotagens e assassinatos.
Com personagens marcantes e fortes e com um elenco de nomes nacionais e internacionais, mas ao mesmo tempo com personagens/atores comuns do nordeste, que demonstram as mazelas e ao mesmo tempo a força que sai da terra e incorpora a alma de população da localidade.
Com um roteiro inspirador Juliano Dorneles e Kleber Mendonça conseguiram para o pais e para o estado mais uma vez os holofotes do cinema internacional, com a premiação de melhor filme dada pelo júri do festival de Cannes e de melhor filme do festival de cinema de Munique.
Pelo exposto, solicito aos nobres Pares que aprovem o VOTO DE CONGRATULAÇÃO.
Histórico
Wanderson Florêncio
Deputado
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | ENVIADO_PARA_COMUNICACAO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 02/08/2019 | D.P.L.: | 34 |
1ª Inserção na O.D.: |