Alepe - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco

     Art. 1º Fica denominada a Academia das Cidades do município de Glória do Goitá-PE de Academia das Cidades José Lopes de Vasconcelos.

     Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

O senhor José Lopes de Vasconcelos consta nos autos memoriais de nossos munícipes como um dos pilares que nortearam o desenvolvimento de Glória do Goitá, ainda em anos tão remotos. Filho do senhor Ernesto Lopes de Vasconcelos e de dona Maria Rosa Alves de Vasconcelos, renomados comerciantes à época, nasceu em Glória do Goitá - PE, aos 12 de outubro de 1928.

Té, como carinhosamente era chamado pelos glorienses, foi o segundo filho do casal; por ser o primeiro filho homem, tinha o privilégio de ser considerado como  filho preferido de seu pai; junto com o patriarca, na “venda de seu Ernesto” - a grande mercearia localizada no centro da cidade, esteve como um cooperador, contudo, o seu olhar empreendedor o levara a planejar um futuro promissor. Entretanto, como ainda era um menino que carregava águas no animal de carga de seu pai, poderia não deixar isso transparecer.

Os anos foram consumando-se até que no alvorecer dos anos 50 surge um ônibus para servir à população da Glória do Goitá. O transporte coletivo conduzia as pessoas através dos itinerários estabelecidos, permitindo-lhes a locomoção ao então distrito de Chã de Alegria, bem como para cidades de Vitória de Santo Antão - PE, e Recife - capital do estado. Os que residiam na zona rural pareciam viver um sonho em ter a possibilidade de se dirigir a qualquer momento a outros municípios, quer fosse visitá-los ou resolver questões pessoais.  O modelo do ônibus, moderno à época, era uma festa para as crianças, que corriam para segui-lo, ou acordavam bem antes da hora convencional para que pudesse embarcar. Era a “Sopa de seu Té” - Sopa, pois eram como se chamavam os ônibus do modelo referido.

A ação logrou êxito e outros ônibus foram adquiridos, além das rurais e jipes que compunham à frota realizando, assim, as viagens específicas que eram pleiteadas pelas pessoas para que pudesse atender às suas necessidades. Servir as pessoas era uma das maiores virtudes daquele jovem empresário. Com tamanha suntuosidade formou-se a Alto Viação Gloriense. O escritório da referida empresa, localizava-se à Rua Cleto Campelo, ao lado da residência do ex-prefeito José da Costa Borba. Contava ainda, com garagens e oficina própria que despachava as demandas corriqueiras da empresa.

 Casou-se em 1952 com dona Olga Ribeiro de Vasconcelos com quem nutriu um matrimônio baseado na moralidade, dando ênfase aos costumes religiosos e sociais; daí surgiram cinco filhos, são eles: Teones, Luciano, Maria Inês, Marcelo e José Inaldo. Registre-se que, em sua residência, sito à Rua Cleto Campelo, eram realizadas as mais diversas festas típicas e religiosas, onde eram atraídas diversas pessoas e culminados momentos de confraternização e bastante harmonia. Nos dias de carnaval, a sua residência era a mais disputada da cidade; além de autoridades e amigos próximos, as agremiações carnavalescas a consideravam como parada oficial para prestar a homenagem através de versos e sambadas ao querido empresário Té. Foi homem de grandes amigos. Alguns, porém, estiveram ao seu lado em todos os momentos. Dentre eles, destaco o Padre de Souza Leão Filho, Dr. Djalma Souto Maior Paes e dona Esmeralda Barbosa de Carvalho. Além de exercer os ofícios empresariais, continuamente estava ao dispor da sociedade para buscar recursos e empreender ações que pudessem cooperar com o bem comum da sociedade. Por exemplo, durante a construção da igreja matriz de Nossa Senhora da Glória ele foi um dos pilares que contribuiu de maneira plena e eficaz durante as realizações dos pastoris e outras atividades desenvolvidas pelos membros do conselho maior do Padre Pedro, o qual ele também era membro. No campo político, foi um defensor ardente das ideias pregadas pelo ex-governador Miguel Arraes de Alencar; junto ao querido amigo Djalma Paes esteve diante dos eventos locais que aclamavam o nome de Arraes para ser o governador de Pernambuco, no período anterior ao regime militar. Sua paixão era tão intensa que em dias de eventos, destinava ônibus de sua frota particular para buscar a população nos sítios e propriedades distantes da cidade para que pudessem acompanhar tal manifestação.

No limiar de sua juventude e apogeu empresarial era constantemente acometido de reações adversas em razão da alergia que possuía, e, mesmo alérgico, fazia questão de continuar a criação de animais, dentre os mais diversos, o que fazia com muita dedicação e afinco.

Quis Deus em seus desígnios que viesse a falecer no dia 15 de março de 1964 aos 35 anos de idade. O seu falecimento trouxe enorme sentimento de pesar em todos os glorienses, e não somente, mas expandiu-se por toda a região que desfrutava dos serviços prestados pela renomada empresa.

Em 2014, celebrando o cinquentenário de falecimento do antigo empresário, a Câmara de Vereadores deste município realizou uma sessão solene, por iniciativa do ex-vereador José Jorge, para rememorar tão saudoso momento.

Hoje, por fim, ao concretizarmos essa homenagem, faremos jus a um irrestrito cidadão da cidade, que foi ousado e atrevido ao ponto de vencer as limitações impostas pela época e concretizar um sonho pessoal que viabilizou a vida social das pessoas e vislumbrou um período econômico pleno e satisfatório abrangendo o poder público, o comercio e, conseqüentemente, as atividades rurais que eram bastante intensas naquela época. Foi um homem além do seu tempo.

Elencadas tais afirmações, solicito aos nobres pares que apreciem e aprovem este Projeto, pois se trata de uma importante homenagem a quem deixou sua marca em Glória do Goitá, quais são: a coragem, o amor pela cidade e a seriedade.