Esporte adaptado para pessoas com deficiência ganha mais visibilidade com Jogos Paralímpicos

Em 09/09/2016
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Sandro Varelo busca uma vaga   no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico de 2017 Foto: Rinaldo Marques

Sandro Varelo busca uma vaga no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico de 2017
Foto: Rinaldo Marques/Alepe

Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2016. Começam os Jogos Paralímpicos, maior evento esportivo mundial para pessoas com deficiência física e intelectual. Mais de 170 países estão competindo na edição de número 15, a maior das Paralimpíadas já realizada até hoje. A disputa por medalhas ocorre em 23 modalidades e o Brasil está na luta pelo pódio com 278 atletas, sendo 181 homens e 97 mulheres.

O esporte adaptado para pessoas com deficiência surgiu no começo do século 20. Desde então, a prática ganhou visibilidade e foram criadas entidades como a Associação Desportiva para Deficientes, ADD. Financiada por doações e patrocínios,  a instituição oferece treinamento gratuito para 270 crianças e adolescentes, além de 80 atletas de alto rendimento.  A presidente do Conselho Técnico da instituição, Eliane Miada, afirma que a prática de esportes melhora a autoestima das pessoas com deficiência. “Ele pode proporcionar melhorias nos aspectos físicos e coordenação motora. Quando uma pessoa com deficiência começa a praticar esportes ela quer sempre mais e passa a superar seus próprios limites e  estar cada vez mais fazendo parte da sociedade de forma ativa.”

Luiz Araújo é o Coordenador do Paratleta UFPE Foto: Rinaldo Marques

Luiz Araújo é o Coordenador do Paratleta UFPE
Foto: Rinaldo Marques/Alepe

O projeto Paratleta UFPE, vinculado ao Núcleo de Educação Física e Desporto da Universidade Federal de Pernambuco, é outro que contribui para a formação esportiva de pessoas com deficiência. De acordo com o coordenador, Luiz Araújo, o programa faz parte do Projeto de Iniciação de Desportos Especial, e atende, inclusive, a interessados que não sejam alunos da Universidade. “Surgiu depois do projeto PRONIDE, que é um projeto de iniciação de desportos especial, onde a gente trabalha com pessoas especiais, em que elas vêm para fazer uma atividade física aqui e aí a gente vê aquelas pessoas que tem possibilidade de participar de competições.

Ana Claudia da Silva, de 28 anos, é uma das alunas do projeto. Ela conheceu o atletismo em 2014 e já é a primeira melhor colocada em paratletismo no Brasil e terceira no ranking mundial nas modalidades do salto em distância e dos 100 metros rasos. Há dois anos no Paratleta UFPE, Ana Claudia conta que teve a vida transformada. “Foi através do atletismo que eu aprendi a superar as minhas dificuldades, que foram muitas. Mas daí eu ganhei bastante força de vontade para ir buscar o que eu queria e fui conhecendo a superação de outros amigos meus e acabou que eu fiquei mais apaixonada ainda pelo o que eu faço hoje.” 

Sandro Varelo, de 34 anos, também é aluno do Paratleta UFPE. Ele já participou de competições internacionais e agora almeja uma vaga no paratletismo no Campeonato Mundial do ano que vem, em Londres. Sandro conta como a prática esportiva o ajudou a aceitar as suas limitações . “Antes dos esportes eu era encarregado de montar estruturas metálicas da Petrobras. Aconteceu um assalto comigo, fiquei na cadeira de rodas e não aceitava a cadeira de rodas até conhecer o paradesporto. Me adaptei ao paratletismo e, graças a deus, hoje vivo dele. Hoje minha segunda vida é o paratletismo.

Ana Claudia da Silva é uma das atletas pernambucanas na Paralimpíada Foto: Rinaldo Marques

Ana Claudia da Silva é uma das atletas pernambucanas na Paralimpíada
Foto: Rinaldo Marques/Alepe

Assim como Ana Cláudia e Sandro, aproximadamente 12 milhões e 800 mil brasileiros são pessoas com deficiência, segundo dados de2015 do IBGE. Ainda de acordo com o Instituto, em 2010, 17% da população pernambucana tinha algum tipo de deficiência. Essa porcentagem, se trazida para este ano, significa aproximadamente um milhão e seiscentas mil pessoas. Uma das primeiras barreiras que essa população precisa enfrentar para ter acesso ao esporte começa na escola, que muitas vezes não tem o suporte necessário para integrar o aluno nas atividades esportivas. Na tentativa de resolver esse problema, tramita na Alepe um projeto de lei que obriga as instituições de ensino em Pernambuco a oferecer aulas de educação física adaptadas. O autor da proposta, deputado Joel da Harpa, do PTN, defende uma maior inclusão desse segmento. “O que a gente vê hoje é que no momento da educação física, essas crianças com algum tipo de deficiência física ficam sem ter a oportunidade de fazer uma atividade física. E a gente percebe que hoje cresce a entrada dessas pessoas na questão desportiva.

Os Jogos Paralímpicos estão acontecendo em 21 arenas espalhadas no Rio de Janeiro e vão até 18 de setembro.