
JOAQUIM NABUCO – Opção por abolicionista gerou controvérsias. Imagem: Arquivo Alepe
A sede do Poder Legislativo Estadual foi, até a década de 1940, denominada “Paço da Assembleia Legislativa de Pernambuco”. O espaço foi rebatizado a partir de uma indicação feita pelo então deputado Tabosa de Almeida, publicada em 10 de junho de 1948 no Diário Oficial do Poder Legislativo, sugerindo que a edificação passasse a se chamar “Palácio Joaquim Nabuco”.
O objetivo da mudança seria prestar homenagem ao “maior parlamentar pernambucano – Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, diplomata, poeta, historiador, jornalista, escritor, tribuno dos mais notáveis de sua época”, conforme consta no texto da indicação. Além disso, no ano seguinte, seria comemorado o centenário de Nabuco, nascido em 19 de agosto de 1849.
A aproximação do homenageado com a monarquia trouxe, contudo, certa repulsa à proposta. Em parecer da Comissão Executiva da Assembleia – presidida pelo então deputado Antônio Torres Galvão –, o batismo da sede foi rejeitado: “Que seja o nome conferido a um edifício destinado à manifestação, defesa e conservação do regime republicano democrático, jamais abraçada por Joaquim Nabuco, é que nos parece um paradoxo”.
Como argumento para a negativa, justificou-se também que “ao ler ou ouvir a designação de ‘Palácio Joaquim Nabuco’, poderia qualquer forasteiro presumir que se tratasse de edifício destinado a um museu, biblioteca pública ou instituição outra digna do nome em apreciação. Diferentemente ocorre quando alguém lê ou ouve as palavras ‘Assembleia Legislativa do Estado’”.
“Nenhuma outra designação corresponderá melhor à finalidade do edifício da Câmara que esta: ‘Assembleia Legislativa do Estado’”, defendeu o documento, também assinado por Nilo Coelho e Vanderlei Simões, então primeiro e segundo secretários da Casa, respectivamente.
Em votação, porém, a proposição de Tabosa foi a acatada. A pedido do deputado Santa Cruz Valadares, consignou-se que a aprovação foi unânime. Assim, Joaquim Nabuco tornou-se patrono da Alepe, reforçando a imortalidade do abolicionista.
Contextualização histórica – Superintendência de Preservação do Patrimônio Histórico do Legislativo, com contribuição da repórter Gabriela Bezerra.