Juntas repercutem aumento da fome no Brasil e cobram renda básica estadual

Em 08/04/2021 - 18:04
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PESQUISA – “Dados escancaram a cruel realidade vivenciada pelas mulheres negras em nosso País e em nosso Estado”, ressaltou Jô Cavalcanti. Foto: Jarbas Araújo

Ao falar sobre o aumento da desigualdade social no contexto da pandemia de Covid-19, a titular do mandato coletivo Juntas (PSOL), deputada Jô Cavalcanti, voltou a defender a criação de um programa estadual de renda básica em Pernambuco. O mote do discurso, durante a Reunião Plenária desta quinta (8), foi a divulgação do estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) constatando que há insegurança alimentar em 55,2% dos lares brasileiros na crise sanitária atual.

A parlamentar detalhou as desigualdades de gênero e raça-cor identificadas no levantamento. Conforme sublinhou, 11,1% dos lares chefiados por mulheres hoje passam fome, enquanto 7,7% dos domicílios comandados por homens encontram-se nessa situação. Pessoas negras enfrentam insegurança alimentar grave em 10,7% das residências, frente a 7,5% de pessoas brancas. “Dados escancaram a cruel realidade vivenciada, especialmente, pelas mulheres negras em nosso País e nosso Estado”, ressaltou Jô

A psolista observou, por outro lado, que a revista Forbes constatou recentemente que o número de bilionários no mundo aumentou drasticamente no último ano, com o ingresso de 11 novos brasileiros nesse seleto grupo. “Confrontamos essas duas notícias para demonstrar como a riqueza e a pobreza têm se articulado nesta pandemia a fim de garantir que os privilégios de um estreito grupo sejam ampliados, ao mesmo tempo em que a fome, a morte e a miséria se alastram na população negra e pobre do País”, pontuou.

Segundo a deputada, Pernambuco é considerado o terceiro Estado mais desigual do Brasil, enquanto Recife é a mais desigual das capitais. A representante das Juntas defendeu a criação do programa de renda básica estadual como forma de auxiliar as famílias mais afetadas economicamente pela crise sanitária e lhes dar condições de ficar em casa, minimizando o risco de contaminação.

Citando estudo da equipe técnica do mandato, Jô Cavalcanti insistiu que seria possível implantar um auxílio de R$ 350 para 70 mil famílias, durante pelo menos 6 meses. O valor total, de R$ 159 milhões, seria obtido remanejando despesas orçamentárias sem afetar áreas estratégicas como saúde, educação e segurança pública. “É urgente que todos e todas desta Casa se somem ao pedido”, apelou.

O deputado Alberto Feitosa (PSC) apoiou o pleito. “Quem anda nas ruas de bairros menos favorecidos sabe da necessidade que passa uma mãe, tendo sido retirado dela, inclusive, o direito de trabalhar para sustentar seus filhos. O Governo Estadual tem caixa e deve ajudar essas pessoas”, afirmou.

Vice-líder do Governo, o deputado Tony Gel (MDB) elencou programas sociais mantidos pelo Estado, como Chapéu de Palha, 13º do Bolsa Família e distribuição de alimentos, além de linhas de crédito para pequenas empresas. “O Poder Executivo, dentro das suas condições orçamentárias, esforça-se para aliviar o sofrimento daqueles que não têm renda fixa e estão nas ruas buscando sobreviver. Está no radar do Estado auxiliar o máximo que pode”, assegurou.