
INCREMENTO – Trinta novos leitos de clínica médica foram implantados no Interior, segundo contabilizou o secretário Iran Costa, durante encontro da Comissão de Saúde. Foto: Sabrina Nóbrega
Durante a apresentação do Relatório de Gestão em Saúde referente ao 2º Quadrimestre de 2017, a palavra de ordem do secretário estadual, Iran Costa, foi interiorização. Além de elencar as ações do Poder Executivo, no encontro promovido pela Comissão de Saúde da Alepe, nesta sexta (10), o gestor público apontou ainda para a necessidade de união dos municípios para garantir o cumprimento da atenção básica.
Com incremento de R$ 102 milhões na pasta, em relação ao ano passado, Pernambuco já dá sinais de melhoria na economia, na avaliação do secretário, e segue investindo acima do percentual mínimo exigido por lei (12%), chegando a 14,91% da arrecadação, em ações e serviços para a saúde. Foi investido no quadrimestre quase R$ 1,5 bilhão.
Ao longo do período, o relatório apontou melhoria na assistência à população. Com crescimento de 7,5% nos atendimentos das Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAe) e 9,5% das UPAs 24 horas – o Estado conta atualmente com 15 unidades desse tipo. A produtividade ambulatorial também foi ampliada (6,5%). Entre os projetos da gestão, Iran Costa destacou o Boa Visão, em parceria com a Secretaria de Educação, com o objetivo de garantir qualidade de vida e produtividade escolar. Foram realizadas 1.970 consultas e entregues 1.638 óculos corretivos.
A implantação de 30 novos leitos de clínica médica no Interior foram elencados entre as ações de interiorização. Seis cidades foram beneficiadas: no Sertão, Ipubi e, no Agreste, Lajedo, Paranatama, Terezinha, Belo Jardim e Pesqueira. Ainda sobre o tema, o secretário avaliou ser “fundamental a união dos municípios”. “Não vejo saída, se não houver consórcios e ajuda mútua.” O gestor comparou a questão do atendimento da saúde básica ao caso dos consórcios formados para iluminação pública e para a gestão de resíduos sólidos.
“Já temos levantamentos das prefeituras que poderiam formar parcerias interessantes para a saúde de seus cidadãos”, destacou Iran Costa. Coordenando a reunião de prestação de contas, o deputado Isaltino Nascimento (PSB) também defendeu a união entre as localidades, destacando “a pequena arrecadação dos municípios comparada à quantidade de obrigações a cumprir”.
O crescimento no número dos procedimentos de transplante de órgãos (52%), evidenciado no período, foi ressaltado, sobretudo de córnea e de coração. Neste mês, Pernambuco teve papel reconhecido pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos como um dos destaques no Brasil na área cardíaca.
Apesar da redução dos casos de arboviroses, o secretário chamou atenção para a necessidade de monitoramento constante de possíveis focos de mosquito. Centros de reabilitação estão sendo implementados para atender as crianças vítimas da síndrome congênita do vírus da zika. Hoje são 23 unidades.
Questionado por Wellington da Fonseca, da Comissão de Direito e Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) sobre o número de partos normais, Iran Costa divulgou o empenho da pasta para reduzir a quantidade de cesáreas por conveniência. “Conseguimos melhorar os índices de partos normais. Hoje já representam 57% do total. E estamos trabalhando com mais enfermeiras obstetras”, afirmou.
Já Ana Lúcia Azevedo, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça (Caop) em Defesa da Saúde, do Ministério Público estadual (MPPE), quis saber mais sobre os dados em saúde mental. De acordo com o gestor, existem duas prioridades de ação: a desospitalização e a garantia de atenção na crise. A necessidade de participação dos municípios, com os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), também foi destacada.
Acidentes de moto – O elevado número de acidentes com moto voltou a ser objeto de preocupação do secretário. O assunto já havia sido destaque da prestação de contas do último quadrimestre de 2016, em maio deste ano. “É um problema gigante no Brasil inteiro que temos combatido com determinação. Nossas ações estão, inclusive, sendo copiadas por outros quatro Estados.
“Sabemos de toda a dinâmica desse tipo de acidente. Daqui a pouco, por sinal, começa o pico de casos, maior sempre em fins de semana e feriados”, frisou. Entre os números expostos sobre o tema, destacou que 60% dos acidentes estão associados a momentos de lazer, e não a situações de trabalho. Alta velocidade e álcool estão presentes em 50% dos casos. “Acho que o parlamento federal está deixando a desejar nesse debate. Daqui a pouco, o Brasil terá mais casos de mutilação do que países que passaram por guerra civil”, criticou.
Em maio, a Assembleia publicou reportagem especial sobre o tema, subsidiada por estudo realizado pela Consultoria Legislativa.