Comissão de Desenvolvimento Econômico debate formas de incentivo à produção leiteira no Agreste

Em 29/05/2017 - 15:05
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AGRESTE – Colegiado esteve reunido, na última sexta (26), em Garanhuns, com produtores e políticos da região. Foto: João Bita

A situação dos produtores de leite em Pernambuco diante da crise hídrica no Estado foi tema de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, realizada na última sexta (26), em Garanhuns, no Agreste Meridional. O evento foi solicitado pelo movimento A Força do Leite, formado por representantes da cadeia produtiva de 22 municípios da região. Mais de 150 produtores, prefeitos e vereadores participaram do encontro.

A Bacia Leiteira do Agreste é responsável por 75% da produção de laticínios em Pernambuco. O negócio movimenta cerca de 30 milhões de reais por semana e gera 400 mil empregos diretos e indiretos. Em 2011, a produção chegou a 965 milhões de litros, mas, devido à seca, caiu quase 50% nos últimos anos.

O representante do movimento A Força do Leite, Sérgio Macedo, ressaltou que a questão mais urgente, atualmente, é em relação ao acesso ao milho para alimentar o gado. Segundo ele, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que deveria fornecer o insumo, não estaria respondendo à demanda dos produtores. “Muitas vezes, você procura o milho na Conab e ele não chegou, e a gente acaba tendo de comprar porque os animais têm de ser alimentados e ordenhados todos os dias. Se não houver alimento, não tem produção de leite”, desabafou. Sérgio também cobrou soluções para a questão da falta d’água. Para ele, a melhor alternativa seria acelerar a conclusão da Adutora do Agreste, prevista para 2020.

Já o produtor e médico veterinário Hugo Almeida, de Capoeiras, cobrou a isenção da alíquota do ICMS sobre todos os insumos para tornar os preços do leite e de seus derivados mais competitivos no mercado interno.  “Em outros estados, como Minas Gerais, a produção tem baixo custo e, quando chega aqui, consegue competir com a gente, que está nessa dificuldade e com um custo de produção muito alto”, ressaltou.

Outros produtores pediram, ainda, a estruturação da cadeia produtiva e a elaboração de um plano de desenvolvimento a longo prazo para a atividade leiteira, além de alternativas para ampliar a demanda de leite no Estado – como a inserção do produto em merendas escolares – e mais segurança nas estradas para o escoamento da produção.

Para o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Airon Melo, caso medidas urgentes não sejam adotadas há um grande risco da produção leiteira ser reduzida drasticamente e ficar apenas nas mãos dos grande produtores, prejudicando o agricultor familiar. “A tendência é que esse produtor do campo fique apenas com a renda da distribuição de programas sociais dos governos, com as aposentadorias, e acabe migrando para a cidade”, afirmou.

O deputado Eduíno Brito (PP), autor do requerimento da audiência pública, defendeu que o setor leiteiro tenha dotação orçamentária na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, como já acontece com a fruticultura, o polo gesseiro e em outros segmentos. Em resposta, a gerente-geral de Programas de Desenvolvimento da pasta, Sônia Costa, disse que vai negociar, junto com as secretarias de Ciência e Tecnologia e de Agricultura, recursos do Banco Mundial para destinar à cadeia do leite.

A deputada Priscila Krause (DEM) lembrou que, na última semana, a Alepe autorizou o Poder Executivo a realizar um empréstimo junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Econômico (Fide) no valor de 20 milhões de dólares. “Faço um apelo para que parte desses recursos sejam destinados às ações estruturadoras de médio e longo prazo da cadeia do leite”, frisou.

O secretário Estadual de Agricultura, Nilton Mota, disse que vai lutar pelos recursos, e se comprometeu a agilizar a oferta do milho para os produtores. Ele afirmou que a Conab deverá aprovar, em breve, a instalação de cinco novos balcões no Estado e que a Secretaria vai criar um modelo de cadastramento dos produtores para fazer a entrega do insumo. “Tivemos reuniões com a Conab, que está nos dando suporte para mudarmos essa logística e podermos ter condições de fazer o milho chegar aos agricultores de todo o Estado”, garantiu. O secretário também anunciou que irá se reunir com os produtores para discutir políticas públicas para o setor.

O vice-presidente da Comissão, deputado Ricardo Costa (PMDB), avaliou a audiência como positiva. “Estamos no caminho certo e vamos encontrar soluções. Os financiamentos, as políticas públicas, tudo o que for possível fazer para abrigar o interesse coletivo dos produtores rurais da Bacia Leiteira de Pernambuco está sendo feito”, afirmou.

Também participaram do evento os deputados Álvaro Porto (PSD), Júlio Cavalcanti (PTB) e Marcantônio Dourado (PSB).

Plenário – Na Reunião Plenária desta segunda (29), o deputado Eduíno Brito (PP)  repercutiu a audiência pública realizada em Garanhuns. O parlamentar ressaltou que, mesmo com as fortes chuvas registradas no Agreste neste fim de semana, a Bacia Leiteira seguirá tendo de resolver seus problemas hídricos. “Se não tivermos ações de longo prazo para o fornecimento de água, vamos continuar tendo problemas no longo prazo. Não sei se a cadeia leiteira vai resistir, depois de todo o sacrifício dos últimos anos, em que já foram perdidos 20 mil empregos”,  declarou.