
CONTEXTO – “Imagens passaram a ser divulgadas após fala de Lula incentivando sindicalistas a procurar deputados para fazer reivindicações.” Foto: Nando Chiappetta
O deputado João Paulo (PCdoB) fez duras críticas, na Reunião Plenária desta terça (12), a vídeos em que “parlamentares bolsonaristas” armados proferem ameaças a sindicalistas. “As imagens passaram a ser divulgadas após uma fala do ex-presidente Lula incentivando representações sindicais a procurar integrantes do Legislativo para fazer reivindicações”, explicou.
“Eu faço a seguinte pergunta: se, em um regime democrático, os candidatos a cargos públicos podem ir às casas dos eleitores pedir votos, por que as pessoas não podem fazer o mesmo para apresentar suas demandas?”, indagou o comunista. Conforme detalhou, alguns parlamentares teriam dito nas filmagens que “receberiam à bala” os sindicalistas, caso estes fossem às suas residências. “É mais um mal do bolsonarismo, que atiça o ódio”, opinou.
Para João Paulo, “as eleições deste ano definirão se os brasileiros preferem a democracia ou o autoritarismo”. “É inadmissível naturalizar a conduta de homens e mulheres públicos que ameaçam a população. O deputado Coronel Alberto Feitosa (PL), por exemplo, fez uma filmagem portando uma arma no gabinete dele nesta Casa Legislativa. Isso é um absurdo e não deve ser permitido”, criticou.
Por fim, o deputado do PCdoB frisou que “condutas assim têm como base sistemas autocráticos, enquanto o ex-presidente Lula tem em mente o regime democrático, com base no diálogo e questionamento”. “Desde o início da minha vida política, luto contra posturas despóticas, e não é agora que vou me dobrar. Espero que a Alepe tome um posicionamento para que não vire um bangue-bangue.”
Em aparte, a deputada Teresa Leitão (PT) também repudiou o vídeo do colega de Assembleia. “Usar arma dentro de um gabinete para ameaçar quem quer que seja é estarrecedor. No passado, isso foi proibido aqui. Este é um ambiente institucional”, enfatizou. “Somo-me ao discurso. Estamos vivendo um retrocesso civilizatório. Estão mostrando armas para matar quem? O eleitor?”, complementou o deputado Waldemar Borges (PSB).
O líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), salientou jamais ter visto “tamanha violência” ao longo de 22 anos como parlamentar. “É preciso sobriedade. Não se admite que, em um momento de disputas políticas, um deputado fique temeroso de ser assassinado”, pontuou.
Já o deputado Joel da Harpa (PP) acredita que “a atitude de Lula foi uma irresponsabilidade, por incentivar que ativistas de esquerda vão às casas dos parlamentares”. “Eu comungo da ideia dos deputados [que gravaram os vídeos]. Pela Constituição Federal, qualquer brasileiro tem direito de defender a própria integridade física”, comentou.