“As grandes potências mundiais estavam despreparadas para enfrentar esta pandemia. Elas têm as armas mais modernas para atingir o inimigo em uma guerra, mas não há canhão ou bomba atômica que enfrente a Covid-19”, analisou o deputado Tony Gel (MDB), em discurso na Reunião Plenária desta quinta (21). Ele prevê mudanças nas ações e estratégias: “A geopolítica, obrigatoriamente, vai se transformar. Não voltaremos à realidade porque o problema era justamente ela”.
Diante do quadro, o parlamentar avaliou como “danosa” a política de alinhamento inconteste do Brasil aos Estados Unidos. “É tradição da diplomacia brasileira o perfil pacificador e mediador, a exemplo das nossas ações no Haiti e no Iraque. Não podemos nos entregar de corpo e alma aos EUA e brigar com a China, que é nosso principal parceiro comercial”, opinou.
Para o emedebista, a nova configuração mundial exigirá ainda mais investimentos públicos em educação, pesquisa e tecnologia. “Não podemos brigar com a ciência, porque a ignorância mata mais do que qualquer patologia”, disse. “O país que não investir nesses setores estará fadado a ser permanentemente dependente de outro”, acrescentou Tony Gel, defendendo os valores da solidariedade e da humanidade.
“A epidemia está servindo para nos despertar sobre a necessidade de investimento em pesquisa e educação”, opinou o deputado Antonio Fernando (PSC), em aparte. Para o deputado João Paulo (PCdoB), haverá resistência para alterar a estrutura econômica mundial. “As economias capitalistas não vão mudar facilmente esta base de produção, construída ao longo de muito tempo”, observou.
Minuto de silêncio – Tony Gel aproveitou o pronunciamento, ainda, para homenagear Ann Mitchel, matemática britânica que integrou a equipe responsável por decodificar mensagens nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A profissional faleceu na última terça (19), vítima da Covid-19.