Deputados e entidades médicas defendem Procape para o SUS O futuro do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape) foi tema de uma audiência pública conjunta das comissões de Administração Pública, Saúde e Educação e Cultura. O hospital, previsto para ser inaugurado em março de 2002, será referência no Norte e Nordeste. O prédio do Procape vai funcionar dentro do Hospital Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, que pertence à Universidade de Pernambuco (UPE). No entanto, existe o temor de que a instituição seja gerida por uma organização social (OS) e que não atenda, prioritariamente, os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A reunião, solicitada pelo deputado Paulo Rubem (PT), integrante da Comissão de Educação, teve a participação do presidente da comissão de Saúde, Garibaldi Gurgel (PMDB) e do vice de Administração, Ranilson Ramos (PPS), e de representantes de entidades médicas, como o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). Paulo Rubem e Ranilson Ramos criticaram a ausência dos secretários de Adm inistração e Reforma do Estado, Maurício Romão, e de Saúde, Guilherme Robalinho. Para os parlamentares, a participação dos dois era fundamental no debate. O presidente do Simepe, Ricardo Paiva, também registrou protesto pelo não-comparecimento dos secretários. “É uma demonstração de desrespeito com o Poder Legislativo e não é a primeira vez que isso acontece”, observou. O sindicalista lembrou que foram investidos R$ 25 milhões no Procape. No entanto, ainda não há previsão de como será feita a contratação de pessoal. “Pelo visto, o Estado não fará a seleção por concurso público”, salientou.Paiva teme que o funcionamento do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco seja semelhante ao do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. “Ali, o paciente que tem plano de saúde não demora a ser atendido, mas os que dependem do SUS esperam uma eternidade”, afirmou. Veranice Pereira, diretora do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), instituição vinculada à UPE, é totalmente contrária à privatização de leit os no Procape. “O dinheiro investido na construção é público, portanto, ele deve atender aquelas pessoas que não têm condições de pagar.”O pró-reitor Administrativo da Universidade de Pernambuco, Glêdeston Emerenciano, lembrou que não é de hoje o desejo do Governo do Estado de transformar a UPE numa organização social. Ele chegou a chorar ao falar da dedicação dos servidores da UPE e que a instituição é um exemplo de modelo gerencial moderno, sem jamais ter recebido um centavo dos governos. Os deputados Garibaldi Gurgel, Ranilson Ramos e Paulo Rubem defendem que o Procape não perca o vínculo com a UPE. “Mas precisamos discutir como o Estado vai gerir a contratação dos funcionários, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal”, observou. Ranilson sugeriu a realização de uma nova audiência pública, na primeira semana de fevereiro de 2002. No entanto, às 10h da próxima terça-feira, os parlamentares das três comissões participarão de um encontro, na sede do Sindicato dos Médicos, para definir as próximas estra tégias de ação.