AL participa de reunião da ONU contra tortura

Em 06/09/2000 - 00:09
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AL participa de reunião da ONU contra tortura O presidente da Comissão de Defesa da Cidadania, deputado João Paulo (PT), representou, na noite de anteontem, a Assembléia Legislativa numa audiência pública com entidades que atuam na defesa dos direitos humanos, o Ministério Público Estadual e o representante da Organização das Nações Unidas (ONU), Nigel Ropdley, que é um dos responsáveis pelo relatório da ONU sobre os casos de tortura. Por mais de duas horas, foram relatados diversos casos de torturas que tiveram como vítimas pobres, negros, agricultores sem terra, mulheres, crianças e presidiários dos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas.

O deputado João Paulo alertou para gravidade da situação que, segundo ele, atinge também adolescentes espancados por “milícias” formadas por seguranças privados em shoppings centers e nos subúrbios, além dos familiares de presos, que são submetidos a todo tipo de constrangimentos nos horários de visitas. “O problema principal não é a falta da Polícia Militar ou Civil, é a falta de política, de um governo de pulso para fazer uma justa distribuição de renda e melhorar as condições dos policiais”, afirmou o petista. Ele cobrou ainda “administradores de pulso firme para agir contra a impunidade”.

O parlamentar destacou que os policiais estão enfrentando “sérios problemas como os baixos salários, dupla jornada de trabalho para receber gratificação que não vai ser incorporada, arrocho salarial e a falta de equipamentos de segurança”.

“Os policiais, principalmente os de baixa patente, passam por um verdadeiro massacre e terminam repassando seus problemas para a sociedade”, lamentou.

De acordo com João Paulo, o representante da ONU ressaltou a colaboração das ONGs, como o Grupo Tortura Nunca Mais, o Gajop e o Cendhec, no levantamento dos casos de violência com informações claras. Nigel Ropdley reiteirou ainda o desejo das Nações Unidas de combater a violação dos direitos humanos, sobretudo nos países que assinaram o tratado da ONU, onde se comprometeram a dizer não à tortura. (Pedro Marins)