Carlos Gil não convence CPI Empresário foi acareado com traficante, que confirmou sua participação no tráfico A traficante de cocaína Emília de Lima Duarte confirmou, ontem, na CPI do Narcotráfico e da Pistolagem, durante acareação com o empresário Carlos Augusto Gil Rodrigues , que ele era um de seus principais clientes da droga no Recife.
Carlos Gil, no entanto, negou a acusação e disse que a traficante “está querendo encobrir alguém”. Mas não convenceu. “Não tenho dúvida da participação do empresário na distribuição de cocaína na Região Metropolitana”, confirmou o deputado Fernando Lupa (PSDB).
A acareação entre os dois foi marcada por acusações de ambas as partes. Por um lado, Emília Duarte confirmou que vendia cem gramas de cocaína a Carlos Augusto, por semana, e que recebia o pagamento em cheque na loja comercial do acusado e na residência de sua mãe. Por outro, Carlos Augusto afirmou que negociou computadores usados com Emília, e que entregava o material em sua loja juntamente com as notas fiscais. “Posso apresentar as notas fiscais e os canhotos dos cheques”, afirmou o empresário, que autorizou a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico.
“Você me telefonava pedindo a droga e o código era pedir R$ 100 emprestados”, acusou Emília Duarte. “Ou ela quer encobrir alguém, ou tem algo contra minha família ou está com raiva porque me chamou para sair à noite e eu não quis”, reagiu o empresário. As investigações sobre esse caso terão prosseguimento a partir de agora na Polícia Federal.
Fita Também na reunião de ontem, os deputados ouviram o empresário Rinaldo Ferraz sobre sua participação numa fita de vídeo. Realizada num apartamento de um amigo de Ferraz, a fita exibe um grupo com armas de uso exclusivo das Forças Armadas.
“Tenho interesse no esclarecimento desse fato”, afirmou Rinaldo, que justificou a presença do seu segurança Laércio na gravação. Ele disse que estava sendo ameaçado de morte. “Estava em depressão pela morte do meu irmão, que foi assassinado, e não participei de nada”, afirmou, referindo-se à fita. Ao final do depoimento, o presidente da CPI, deputado Pedro Eurico (PSB), assinalou que as investigações vão prosseguir.
Cargas O comerciante de Petrolândia Armando Rodrigues de Almeida, que é acusado de comercializar cargas roubadas, tratar de forma escravizada seus funcionários (denúncia que está sendo apurada pelo Ministério Público Federal) e de agiotagem, também foi ouvido ontem.
Negando o fato, reconheceu que tem um débito de R$ 1,8 milhão junto à Secretaria da Fazenda, mas não autorizou sua quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico, que acabou sendo solicitada pela CPI à Justiça. (Ana Lúcia Lins)