Traficante revela rota da droga no Recife e denuncia empresário Os deputados da CPI do Narcotráfico e da Pistolagem obtiveram ontem um importante depoimento sobre o tráfico de cocaína no Recife. Emília de Lima Duarte, presa com 3,7 kg da droga, denunciou nomes e endereços de traficantes e consumidores no Recife e em Olinda. Segundo ela, um de seus clientes era o empresário do ramo da informática Carlos Augusto Gil Rodrigues.
Emília contou que fazia entregas para Rodrigues na loja do empresário, em Boa Viagem, e que recebia cheques nominais como pagamento. A cocaína vinha de Aracaju, e ela era responsável pela entrega da droga no Recife. A depoente disse também que Carlos Gil era seu maior comprador. A CPI decidiu intimar o empresário, que será ouvido hoje, a partir das 10h.
O advogado Mário Gil Rodrigues, presente ao depoimento, apresentou-se como irmão do empresário citado. Ele pediu autorização da CPI para representar Carlos Gil. A Comissão acatou a proposta.
Segundo o presidente da CPI, deputado Pedro Eurico (PSB), o depoimento de Emília não só incrimina Rodrigues, como ajuda a CPI a desvendar um esquema de tráfico envolvendo cidades nordestinas. Ele explicou que a droga vendida no Recife passa antes por Maceió, João Pessoa e Aracaju. De acordo com a traficante, a droga colhida em Aracaju era proveniente de Rondônia.
Antônio Moraes (PSDB) destacou que esse é mais um dado que vai contribuir com as investigações sobre os principais esquemas de tráfico na região.
“Foi o mais esclarecedor depoimento que já obtivemos nessa CPI sobre a rota da droga”, observou o deputado Fernando Lupa (PSDB). Segundo ele, a depoente apresentou riqueza de detalhes em suas informações, com datas de pagamentos, números de contas correntes dos envolvidos com tráfico, entre outros itens.
“Ela não adotou a lei do silêncio que impera entre os traficantes”, completou Fernando Lupa. De acordo com o parlamentar, a partir de agora, a CPI irá investigar cinco nomes de traficantes citados pela depoente.
Também na parte da manhã foram ouvidos mais dois depoimentos. Um deles inocentou o ex-secretário de Obras de Ipojuca, José Deoclécio de Melo, que havia sido citado pelo pistoleiro “Helinho” em seu depoimento. “Ficou comprovado que as denúncias eram infundadas e que contra José Deoclécio não há nenhuma acusação”, observou o presidente da CPI, deputado Pedro Eurico (PSB).
O presidiário Valcimar José da Silva, conhecido como “Colorido”, também depôs ontem pela manhã e negou envolvimento com grupo de extermínio em Cavaleiro.
Preso por porte de armas, ele reconheceu que é acusado de assalto a banco. (Ana Lúcia Lins/Carolina Flores)
