Fortes chuvas provocam debate entre deputados

Em 02/08/2000 - 00:08
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Fortes chuvas provocam debate entre deputados As dificuldades enfrentadas pela população da Região Metropolitana com o temporal iniciado no domingo foi o tema predominante nos debates de ontem no plenário. Vários deputados discutiram as conseqüências da tromba d’água, que já provocou dezenas de desabamentos e 16 mortes. Mais de duas mil pessoas estão desabrigadas. Em meio a críticas contra a falta de ação das prefeituras, do Governo do Estado, da Codecipe e da Caixa Econômica Federal (CEF), os parlamentares fizeram algumas propostas concretas.

O deputado Pedro Eurico (PSB) sugeriu a convocação do presidente da CEF, Emílio Carrazai, para explicar porque Pernambuco não foi beneficiado com programas habitacionais, de infra-estrutura de saneamento e de drenagem e microdrenagem.

Eurico afirmou que a CEF poderia abrir uma linha de crédito especial para a Secretaria de Planejamento atender aos desabrigados que perderam móveis e eletrodomésticos. “Para quem perdeu suas casas, o Governo do Estado poderia relocalizá-las. Não podemos aceitar que retornem para os locais de risco”, completou.

O deputado Ranilson Ramos (PPS) acrescentou propondo a convocação do secretário estadual de Recursos Hídricos, Ciro Coelho, para prestar esclarecimentos sobre as condições precárias do serviço estadual de meteorologia.

Eurico tinha lembrado a entrevista concedida na manhã de ontem por um funcionário do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (IPA) ao Bom Dia Pernambuco, da TV Globo, onde ele afirmou que com a transferência do serviço de meteorologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia para pasta dos Recursos Hídricos os trabalhos foram paralisados. O deputado João Negromonte (PMDB) saiu em defesa do Governo. Ele afirmou que o serviço nacional de meteorologia é suficiente para prever as chuvas. “Um temporal desses causa problemas em qualquer lugar”, garantiu Negromonte.

O deputado João Braga (PSDB) criticou a administração do prefeito do Recife, Roberto Magalhães (PFL), por não ter investido em obras para minimizar os efeitos dos temporais. “Não foi só um temporal, Recife está despreparada. O prefeito se acostumou a maquiar a cidade e esquecer de fazer obras de drenagem e microdrenagem”, cobrou. Braga sugeriu que o governador utilize parte dos recursos da venda da Celpe para fazer um programa emergencial de habitação para a Grande Recife e propôs que as verbas usadas sejam ressarcidas com recursos da CEF. Negromonte acusou Braga de tratar a questão com emocionalismo.

João Braga e o deputado João Paulo (PT) criticaram as comparações de Magalhães sobre as responsabilidades dos ex-prefeitos pelas mortes após tempestades e alagamentos nas gestões de Gustavo Krause (80), Joaquim Francisco (40) e Jarbas Vasconcelos (50). “O despreparo do prefeito foi confirmado quando ele disse que não ia ser culpado sozinho, atacou todos os aliados e se acovardou ao entregar o cargo para o vice-prefeito para tratar de eleição”, afirmou o petista.

Negromonte defendeu também o prefeito do Recife. Segundo ele, foram realizadas obras para conter as águas, como as comportas do canal Derby-Tacaruna. A deputada Luciana Santos (PCdoB) também criticou a falta de obras em Olinda, onde já morreram cinco pessoas em desabamentos. “O descaso e a incompetência da prefeitura contribui para a situação ficar pior”, afirmou. Ela advertiu que a bancada de oposição na Câmara tinha mostrado em relatório mil pontos de riscos nos morros e a prefeitura não investiu em obras de contenção das encostas.

O deputado Lula Cabral (PFL) apresentou uma indicação para que o Governo do Estado adote medidas urgentes para socorrer a população carente do Cabo de Santo Agostinho, que está sofrendo com o excesso das chuvas. “Enquanto as pessoas carentes estão apavoradas com medo de terem suas casas destruídas, por conta da falta de obras de infra-estrutura, os atuais governantes só pensam em promoção pessoal, sem a menor preocupação com os mais necessitados, entregues à própria sorte”, concluiu.(Pedro Marins)