Caso Narcisinho vai ser reaberto CPI do Narcotráfico decidiu ontem solicitar à Justiça novas investigações do seqüestro Os integrantes da CPI do Narcotráfico e da Pistolagem firmaram uma posição ontem, na reunião ocorrida em Timbaúba, na Mata Norte. Depois de constatar a inconsistência dos resultados das investigações do desaparecimento de Narcisinho, os deputados decidiram solicitar ao presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Nildo Nery a reabertura do caso.
Os parlamentares vão requerer, ainda, que a Secretaria de Defesa Social realizem uma perícia técnica conclusiva, já que o laudo emitido pelo Instituto de Medicina Legal (IML) não permitiu esclarecer todas as dúvidas do crime.
“Ficou provado pelo que a CPI ouviu aqui que a dentista Célia Silva, que tinha feito apenas tratamento de um dente de Narcisinho, não tinha competência nem condições de provar que a arcada dentária era do menino”, afirmou o presidente interino da CPI, deputado Lula Cabral (PFL).
Passados quase 10 anos do desaparecimento do menor Narcisinho, ocorrido em Carpina, o mistério continua como um autêntico enredo de novela. A CPI está disposta a desvendar de uma vez por todas o dilema: Narcisinho estaria vivo, como sustenta a advogada dos apontados pela polícia e condenados pelo crime, Maria Lúcia Brandão ou teria sido mesmo assassinado após o pagamento do resgate do seqüestro pelo seu pai, Narciso Ferreira dos Santos, atual prefeito de Tracunhaém.
O destaque da reunião da CPI ontem foi mesmo a esperada acareação entre o prefeito e a advogada. Narciso Ferreira e Lúcia Brandão trocaram várias acusações quando foram colocados frente-a-frente, por quase duas horas. O prefeito relatou detalhes da entrega do dinheiro aos seqüestradores no Recife e fez referência ao drama que vem enfrentando com a esposa e a família, porque o filho não voltou para casa.
Quanto a ossada localizada num engenho, em Tracunhaém, Narciso contou que foi chamado pelo IML e depois recebeu um documento no qual esse órgão informava pertencer a Narcisinho a arcada dentária. “Só me restava acreditar no que a polícia disse. Com a CPI reabrindo o caso, estou pronto para tudo, inclusive fazer exame de DNA”, assegurou.
A advogada começou alertando sobre as atitudes do prefeito diante da situação.
“Chama atenção de todos o comportamento passivo do Sr. Narciso diante da luta que empreendemos na busca da verdade”. Lúcia Brandão chegou mesmo a pedir ao prefeito que apresentasse o atestado de óbito de Narcisinho e não apenas o documento fornecido pelo IML, que perdeu a validade quando o exame de DNA confirmou que a ossada encontrada não era do garoto.
Narciso Ferreira reagiu e acusou a advogada de espalhar notícias de que o menor estaria vivo, residindo fora do Estado e foi contundente: “Se meu filho estiver vivo, então traga-o aqui”. Lúcia Brandão informou que tinha uma lista de pessoas que avistaram Narcisinho recentemente. Os deputados da CPI solicitaram que a advogada apresentasse a lista de forma reservada. Todas as pessoas que ela citar serão ouvidas pelos parlamentares.
Antes da acareação entre o prefeito e a advogada, os deputados colheram também o depoimento da avô de Narcisinho, Benedita da Costa. “A CPI vai estar fazendo justiça solicitando a reabertura do processo já que as quatro pessoas que foram condenadas nunca deveriam ter sido condenadas”, afirmou o deputado Antônio Moraes (PSDB). Os quatro condenados foram: Ronaldo Adelino da Costa (tio de Narcisinho), Edilson Belo da Silva, José Agrício da Silva e Nivaldo Cavalcanti.
O deputado lembrou que não existia a materialidade do crime. Também disse que não havia atestado de óbito e lembrou que só a declaração do IML sem assinatura de perito competente e habilitado não poderia atestar a identificação da ossada. (Antônio Azevedo)