
PROJETO DE LEI ORDINÁRIA 641/2019
Altera a Lei nº 16.241, de 14 de dezembro de 2017, que cria o Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado de Pernambuco, define, fixa critérios e consolida as Leis que instituíram Eventos e Datas Comemorativas Estaduais, de autoria do Deputado Diogo Moraes, a fim de incluir o Dia Estadual da Poesia.
Texto Completo
Art. 1º A Lei nº 16.241, de 14 de dezembro de 2017, passa a vigorar com o seguinte acréscimo:
“Art. 92-A Dia 19 de abril de 2019: Dia Estadual da Poesia.” (AC)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Justificativa
Um dos grandes desafios na área da cultura e da arte é definir uma data e, logo, um homenageado que os represente. Esse é caso do Dia Estadual da Poesia. O berço ou lar de poetas e poetisas do passado, do presente e de futuro. Elencaríamos muitos e muitas, o que declinamos citar, para não cair na injustiça do sertão ao cais, dos palcos aos becos, da Academia aos Independentes. Assim, apresentamos para esse Dia a data de nascimento do poeta modernista Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho: 19 de abril.
Alexandre Tambelli(2013) aponta o caminho seguro para definição do vocábulo poesia, cita o Dicionário Aurélio, que têm 06(seis) definições para o vocábulo poesia: 1. Arte de escrever em versos; 2. Composição poética de pequena extensão; 3. Entusiasmo criador; inspiração; 4. Aquilo que desperta o sentimento do belo; 5. O que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. 6. Encanto, graça, atrativo. E, ainda, arremata com a contribuição Hênio Tavares: “A poesia é a linguagem de conteúdo lírico ou emotivo, escrita em verso (o que geralmente ocorre) ou em prosa.”
Nesse sentido, o poeta em tela é consagrado um dos maiores poetas nacionais, nasceu no Recife (PE), filho de Manuel Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza. Foi ainda professor, jornalista, inspetor, tradutor e crítico literário. Manuel Bandeira com um ano logo vai morar no estado do Rio de Janeiro. Aos seis volta a sua cidade natal, onde reside até os 10(dez) anos de idade, na Rua da União, número 263, no lugar em que também residia seu avô Teotônio Rodrigues. Dessas memórias, escreve o poema “Evocação do Recife”.
“EVOCAÇÃO DO RECIFE
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
— Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
(...)”
Regressa ao Rio de Janeiro, estuda no Colégio Pedro II. Em 1903, matriculou-se no curso para a formação de engenheiro-arquiteto, na Escola Politécnica de São Paulo. Não conclui o curso, contrai tuberculose, que o leva a um tratamento durante boa parte de sua vida.
Manuel Bandeira aprendeu a conviver com a sua doença e aprendendo muito sobre ela. Esse convívio com a enfermidade acabou promovendo o desenvolvimento “de suas habilidades artísticas e intelectuais, e aprimorasse a técnica da arte poética” (VAINSENCHER, 2017).
A busca pela cura levou a uma longa caminhada, entre 1905 e 1918, percorreu Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Suíça. Essa jornada delineia o modo de viver e compreender o mundo. Na Suíça, Manuel Bandeira toma ciência do caráter definitivo de sua doença, não existia possibilidade de cura na época, o jovem teve que aprender através da disciplina as regras de convivência com o mal contraído. Assim, volta-se à leitura e ao estudo, aprendizado de violão, a língua alemã e a arte e a cultura europeia. Esta experiência resulta em uma extraordinária produção e o bom humor, ilustrada em seu poema “Pneumotórax”. (VAINSENCHER, 2017).
O poeta volta ao Rio de Janeiro em 1917, onde exerce o magistério na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, no Colégio Pedro II e no Ginásio Carioca. Exerce, também, o cargo de Inspetor de Ensino Secundário, a partir de 1935. Sob a influência da escola simbolista, o “jovem poeta publica o seu primeiro livro - A cinza das horas - em 1917”(VAINSENCHER, 2017).
Nos efervescentes anos 1920, atua junto ao movimento literário do modernista, colaborou com publicações em algumas revistas como a Klaxon e a Antropofagia. No segundo dia da Semana de Arte Moderna (1922), seu poema Os Sapos crítico a métrica parnasiana foi lido por Ronald Carvalho, sob vaias.
A sua segunda publicação, intitulada Carnaval, foi lançada dois anos depois. A consagração de Manuel Bandeira como poeta modernista, contudo, adveio através do trabalho Rithmo dissoluto, em 1924. Por sua profícua e reconhecida obra, Manuel Bandeira é eleito, em 1940, para ocupar a cadeira de número 24, da Academia Brasileira de Letras. Em 1954, sua biografia é publicada Itinerário de Pasárgada.
O conjunto de sua obra e seu exemplo de vida são patrimônio de Pernambuco e do país. Driblou os obstáculos da vida e não deixou isso turvar seus sentimentos expressos em sua poesia. Diante disto, viveu até o dia 13 de outubro de 1968, em decorrência de uma úlcera no duodeno, aos oitenta e dois anos de idade. Assim, Pasárgada, digo, Pernambuco homenageia a Poesia e o Poeta.
“E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe - d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada”
Referências
Diana, Daniela. Manuel Bandeira. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/manuel-bandeira/
RODRIGUES COSTA, Osvaldo Cesar.
VAINSENCHER, Semira Adler. Manuel Bandeira (poeta). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br//>. Acesso em: 22 set. 2019.
Tambelli, https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/414005
Histórico
Teresa Leitão
Deputada
Informações Complementares
Status | |
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Situação do Trâmite: | AUTOGRAFO_PROMULGADO |
Localização: | SECRETARIA GERAL DA MESA DIRETORA (SEGMD) |
Tramitação | |||
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1ª Publicação: | 09/10/2019 | D.P.L.: | 10 |
1ª Inserção na O.D.: |
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